Kepler
452b é menos de duas vezes maior que nosso planeta e orbita na zona habitável
de estrela também muito parecida com nosso Sol.
Concepção artística do planeta kepler-452b, primeiro mundo com tamanho próximo ao da Terra, dentro da zona habitável - NASA Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/nasa-anuncia-descoberta-de-planeta-extrassolar-quase-gemeo-da-terra-16902076#ixzz3gjuR24Pq |
RIO – A Nasa anunciou no início da tarde desta
quinta-feira a descoberta de um planeta extrassolar que está entre os mais
parecidos com a Terra. Batizado Kepler 452b, ele é
menos de duas vezes maior
que nosso planeta e orbita uma estrela muito parecida com o Sol na sua chamada
zona habitável, onde não está nem perto nem longe demais, de forma que sua
temperatura provavelmente também não seja nem quente nem fria demais — o que
permite a existência de água líquida em sua superfície, condição considerada
essencial para o desenvolvimento de vida como conhecemos.
O novo “quase gêmeo” da Terra faz parte de mais uma
grande leva de novos candidatos a planetas extrassolares saídos de análises dos
dados coletados pelo telescópio espacial Kepler durante os quatro anos em que
funcionou a plena forma, entre 2009 e 2013. Ao todo, são mais de 500 possíveis
novos exoplanetas cuja existência ainda precisa ser confirmada por observações
posteriores com outros equipamentos (por isso o “candidatos”). Destes, se
destacam 12 que teriam menos que o dobro do diâmetro da Terra e estariam na
zona habitável de suas estrelas, dos quais o Kepler 452b é o primeiro a ser
confirmado.
— Este catálogo contém nossa primeira análise de todos os
dados do Kepler, assim como uma avaliação automatizada destes resultados —
conta Jeffrey Coughlin, cientista do Instituto Seti (sigla em inglês para
“busca por vida extraterrestre inteligente”) e líder do esforço que revelou os
novos candidatos, que se somam aos mais de 4 mil já encontrados nos dados do
telescópio espacial. — Análises melhoradas vão permitir aos astrônomos
determinar melhor o número de planetas pequenos e frios que são os melhores
candidatos a abrigar vida.
EXOPLANETA
PODE DAR PISTAS SOBRE O FUTURO DA TERRA
Localizado a cerca de 1,4 mil anos-luz da Terra, o Kepler
452b orbita a uma distância equivalente de nosso planeta uma estrela com
características muito próximas do Sol, apenas 4% mais maciça e 10% mais
brilhante que nossa estrela. Pelo seu tamanho e o tipo de estrela que orbita,
os cientistas estimam que o exoplaneta tem uma chance maior que 50% de ser
rochoso como a Terra, se encaixando numa categoria de planetas com dimensões
entre as da Terra e de Netuno. Sistemas planetários extrassolares assim são
muito comuns, mas estranhamente estão ausentes de nosso próprio Sistema Solar.
— O Kepler 452b nos leva um passo mais perto de
entendermos quantos planetas habitáveis existem lá fora — diz Joseph Twicken,
também cientista do Instituto Seti e programador-chefe da missão Kepler. — A
investigação continuada de outros candidatos neste catálogo e uma última
análise dos dados acumulados pelo Kepler nos ajudarão a achar os planetas mais
frios e menores, o que nos permitirá a melhor estimar a prevalência de mundos
habitáveis.
Por outro lado, embora tenha tamanho e brilho muito
similares ao do nosso Sol, a estrela do Kepler 452b é 1,5 bilhão de anos mais
velha do que a nossa. Isso faz do novo exoplaneta também um provável candidato
a mostrar qual poderá ser o futuro da Terra.
— Se o Kepler 452b é de fato um planeta rochoso, sua
localização em relação à sua estrela pode significar que ele está entrando em
uma fase de efeito estufa incontrolável na sua história climática — aponta Doug
Caldwell, outro cientista do Instituto Seti que também trabalha na missão
Kepler. — O aumento na emissão de energia por sua estrela envelhecida pode
estar aquecendo a superfície e fazendo seus oceanos evaporarem. Este vapor d'água
seria então perdido pelo planeta para sempre. O Kepler 452b pode estar
experimentando agora o que a Terra passará daqui a mais de um bilhão de anos,
quando o Sol estiver mais velho e brilhante — diz.
O Kepler 452b é aproximadamente 60% maior que a Terra, o
que a coloca em uma classe de planetas conhecida como "super-Terras".
Sua órbita é muito similar à nossa, com órbita de 385 dias.
TELESCÓPIO COLETA DADOS DO SISTEMA SOLAR
O telescópio espacial Kepler encontra seus candidatos a
planetas extrassolares por um método chamado “de trânsito”. Equipado com um
fotômetro hipersensível, ele é capaz de detectar as ínfimas variações no brilho
das estrelas que observa provocadas pela passagem de um planeta entre elas e a
Terra de nosso ponto de vista, fenômeno conhecido na astronomia como
“trânsito”. Durante os quatro anos de sua missão principal, Kepler ficou
fixamente apontado para uma pequena região do céu na direção das constelações
de Cygnus (Cisne) e Lira, coalhada com cerca de 150 mil estrelas, tendo
revelado quase 5 mil candidatos (já incluídos os mais de 500 novos), dos quais
a grande maioria objeto de observações posteriores teve sua existência
confirmada.
Sucessivas falhas em dois dos quatro giroscópios que
permitiam ao Kepler manter o “olhar” fixo na região do céu que estudava, no
entanto, encurtaram sua missão principal, encerrada em maio de 2013. Depois de
muito trabalho, porém, os cientistas da Nasa conseguiram recuperar pelo menos
parte da sua capacidade de fazer descobertas científicas, dando início, em maio
do ano passado, à chamada missão K2, em que, embora com capacidade limitada,
continua sua busca por planetas extrassolares, além de coletar dados sobre
aglomerados de estrelas, berçários estelares e objetos dentro de nosso próprio
Sistema Solar.
Comparação entre o Kepler 452b, a Terra e outros planetas - NASA |
Fonte: O GLOBO
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